Centrão ‘garante’ Mourão em caso de impeachment – Coluna do Estadão nesta quarta-feira (08) assinada pelos jornalistas Alberto Bombig e Matheus Lara traz uma série de informações sobre os desdobramentos dos atos golpistas do 7 de setembro comandados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Bolsonaro fez novas ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF) e chegou a afirmar que não irá cumprir mais decisões do ministro Alexandre de Moraes.

Confira a coluna abaixo:

O efeito colateral do golpismo de Jair Bolsonaro chegou rápido: Hamilton Mourão e Arthur Lira, ambos na linha de sucessão da Presidência, estão de antenas ligadas.

Quem esteve com o vice diz que a paciência dele se esgotou e que ele estaria disposto a ir para o tudo ou nada contra Bolsonaro, mas sofre forte pressão do presidente.

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Lira também deixou a letargia rumo a uma eventual substituição de Bolsonaro: a partir de agora, o impeachment estará respaldado por parte da centro-direita, mas o presidente da Câmara mantém um olho no TSE.

Tanto Lira (PP-AL) quanto Mourão se encontram diante de dois caminhos muito conhecidos nos bastidores de Brasília, porém inversamente atraentes para cada um deles.

O vice pode chegar ao Planalto pela via do impeachment, que depende de Lira. O presidente da Câmara tem brechas para assumir o País se o TSE impugnar a chapa eleitoral de Bolsonaro-Mourão.

Em conversa tensa ocorrida recentemente, o próprio Bolsonaro teria cobrado Mourão: disse que eles deveriam voltar a remar para o mesmo lado na radicalização porque podem ser cassados juntos.

Depois dos atos do 7 de Setembro, no entanto, o vice teria ficado extremamente contrariado com o tom da coisa toda e a ideia lançada por Jair Bolsonaro de convocar o Conselho da República.

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PT não quer impeachment

As “soluções Lira ou Mourão” não agradam a Lula e parte do PT, especialmente a do impeachment.

O discurso de Bolsonaro deixou claro: adoraria adotar aqui o “modelo El Salvador” da aposentadoria compulsória de juízes.

O desafio imposto aos grupos de centro-direita é o de fazer no próximo domingo, 12, barulho pelo menos comparável às manifestações governistas.

Os organizadores sabem que não será fácil, já que os protestos não terão partidos da esquerda que apoiam a pré-candidatura de Lula.

A saída será atrair quem quer uma terceira via. João Amoêdo (Novo), Simone Tebet (MDB) e Alessandro Vieira (Cidadania) vão participar do ato.

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O MBL promete retirar suas próprias bandeiras do caminhão de som quando representantes de outras frentes políticas estiverem discursando.

Os atos governistas coroaram uma estratégia de comunicação vista como tentativa de emular o que aconteceu nos EUA sob Trump.

A propaganda veio de mais frentes além das redes. Presidente e aliados usaram eventos, como a Cpac, e até pautas no Congresso para promover os atos.

“Houve deslocamentos de discurso em busca de ressonância”, diz o antropólogo Ronaldo de Almeida. “Começou com voto impresso, virou liberdade de expressão e, agora, seguindo a cartilha de Trump, o ataque às instituições a um ano da eleição.”

Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo e presidente do PSD disse em alto e bom som:

“Vamos criar uma comissão no PSD para que a gente se posicione. É consenso de que a temperatura continua se elevando”, sobre eventual impeachment.

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